Sobre o evento
Jornadas Antropológicas 2023 – Antropologias em diálogo para partilhar saberes e refazer caminhos
Os últimos anos para o Brasil foram de lutas intensas contra o avanço avassalador do conservadorismo, do neoliberalismo e do capitalismo desenfreado. Conjuntamente com o vírus de covid-19, vimos nossa população ser atingida pelo negacionismo doentio, pelo amadorismo político e pela ganância de poder, que, em decorrência da pandemia, resultou em mais de 700 mil mortes, sem contar, especificamente, o genocídio diário que assola historicamente as populações negras e indígenas.
Ainda assim, seguramos os céus que caiam sob nossas cabeças (KOPENAWA, 2010) e adiamos o fim do mundo (KRENAK, 2019) com muito custo, convivendo diariamente com a morte (xocotô berulô), mas também com a invasão de terras indígenas por garimpeiros ilegais, a necropolítica (MBEMBE, 2018) subindo armada nas comunidades e ceifando vidas negras, a homotransfobia ganhando requintes de crueldades, e a misoginia se alastrando e sendo estimulada por quem deveria garantir direitos iguais. De nada disso nos livramos completamente, mas hoje respiramos mais aliviados, contudo nos mantemos atentes. Onde esteve a antropologia nos últimos tempos?
Do lado das comunidades indígenas, quilombolas, ciganas, nas cidades, nos campos, com negros e mulheres, com a população LGBTQIA+, nas famílias e nos grupos, com os animais, com os peixes e os pescadores, das danças, nas ballroom, na música, na escrita, na internet, nas performances, nas imagens e nas produções audiovisuais, com os cogumelos, no dia a dia das pessoas, nos rios, nas matas, nas ruínas e nas construções, com os sírios, os haitianos, os imigrantes, com os trabalhadores, os professores, com as bruxas e as religiões, com os vivos e os mortos, com tecnologias de manejo da água à identificação de células nazifascistas e bolsonaristas, com as crianças, com os idosos, nas feiras e nas praças, nas lutas.
Afinal antropologia e/como educação (INGOLD, 2020), nos faz entender como a antropologia é política, é vivência e está presente na nossa sociedade; por isso a necessidade de reafirmar a importância da produção científica e as novas metodologias aplicadas para que esses trabalhos fossem possíveis de realização em tempos tão sombrios.
As Jornadas Antropológicas realiza em 2023 o seu primeiro evento presencial após pandemia. O evento bianual é organizado peles alunes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), se constitui como um espaço de troca de experiências, expansão de diálogos e construção de saberes.