Jornadas Antropológicas (PPGAS/UFSC)

O imaginário popular na Antropologia, mesmo com a sua autocrítica (Corrêa, 1997), segue sendo de reprodução de cânones masculinos (Peirano, 1991). No campo da Antropologia da Pesca esse imaginário se desmantela, apesar das tentativas de sua reprodução. Isto porque um dos primeiros estudos que relacionam pesca e antropologia no Brasil vieram de Gioconda Mussolini (1953;1980), que investigou as
comunidades pesqueiras do litoral paulista. A partir da década de 1970, esse campo de pesquisa se renovou, ganhando a presença de novas pesquisadoras, dentre elas, Simone Maldonado, que por sua vez fez pesquisa com pescadores no litoral nordestino, temática que a fez tornar-se uma das pioneiras do campo da Antropologia da Pesca (Andrade; Silva; Miller, 2020). Apesar do pioneirismo dessas mulheres, o
reconhecimento de seus trabalhos não faz jus à sua importância. Nas últimas décadas, a movimentação destes trabalhos produzidos por pesquisadoras e que muitas vezes mencionam mulheres pescadoras, como o trabalho da ex-discente do PPGAS/UFSC, Rose Mary Gerber (2015), demonstram a continuidade no interesse na temática, trazendo não somente uma perspectiva histórica, mas colocando como central as narrativas autobiográficas de pescadoras de Santa Catarina. Dessa forma, a presente proposta objetiva reforçar a presença de pesquisadoras mulheres dentro da área da Antropologia da Pesca, reconhecendo suas produções através de uma aula expositiva, incentivando o diálogo e a circulação de referências produzidas por estas pesquisadoras. Tais reflexões ainda tornam possível pensar na presença de outros corpos, identidades, faixas etárias, etc. ocupando este espaço e exibindo novas possibilidades de interação com a atividade, abrindo outras perspectivas dentro da Antropologia. O minicurso, então, propõe apresentar uma trajetória sobre mulheres na Antropologia da Pesca por meio de discussões, vídeos e reflexões etnográficas.

Coordenação:

Taynah A. Soares (PPGAS/UFSC);

Vitória da Silveira (PPGAS/UFSC).