Para transicionar a antropologia: experimentos e desafios do fazer antropológico dissidente
As discussões sobre gênero e sexualidade na antropologia constituem uma diversidade de focos de análise, de modo que as próprias categorias gênero e sexualidade não estão dadas a priori na disciplina. Consideramos que este é um campo de estudos em construção e em constante disputa, diretamente influenciado pela política que envolve seus atores e os cenários envolvidos. Ao menos a partir da década de 2010, a emergência dos estudos trans no fazer antropológico acrescenta aos debates sobre gênero perspectivas anti-patologização. Ao protagonizarem as epistemologias trans, tais perspectivas possibilitam a emergência de teorias sobre transições plurais e desestabilizações de fronteiras que fogem das armadilhas de oposições binárias. Tal movimento é possível através do reconhecimento de experiências que são dissidentes da cisheteronormatividade enquanto saberes legítimos que impactam as escritas etnográficas. Com isso, nos inspiramos em
teorias (trans)feministas como os saberes localizados de Haraway, a escrita contra a cultura de Abu-Lughod, a etnografia encarnada de Sil Nascimento e a proposta de uma etnografia suja de Brune Mantese. Ainda, pensamos junto de teóricas da antropologia do desconforto, como Athanasia Francis; bem como da etnografia colaborativa, como Louise Lampre. Para este Ateliê, buscamos por trabalhos que reflitam sobre as contribuições, desafios, experimentos metodológicos e questões éticas das pesquisas dissidentes, realizadas por corpos fora da cisheteronorma.
Coordenação:
Aleixo Fonseca Bueno dos Santos (ME-PPGAS/UFSC);
Benjamin Colato Martini (ME-PPGAS/UFSC);
Morgan Franzoni Caetano (DO-PPGAS/USP).


