Políticas Ameríndias e relações com o Estado

Tal como pontuado por Bruce Albert (2015), a emergência e politização dos movimentos étnicos indígenas no Brasil produzem significativas e constantes transformações nas formas de pensar e produzir antropologia. Sua existência produz um reposicionamento evidente na relação etnográfica, seja pelo engajamento destes povos nas universidades com atividades de pesquisa, ensino e extensão, seja na luta por educação e saúde diferenciadas, pelos movimentos em defesa de justiça climática, pela demarcação de suas terras e contra o Marco Temporal com a Lei 14701. A crescente presença indígena em espaços institucionalizados nos leva a refletir sobre a dinâmica das alianças – como se formam e se desfazem – e como saberes reivindicados como ancestrais e/ou tradicionais atuam e são reivindicados nessas arenas políticas. Tais conhecimentos articulam formas de agência que resistem à tentativa do Estado de unificar modos de existência sob uma lógica nacional-cidadã. Afinal, as epistemologias indígenas multiplicam regimes ontológicos que incluem humanos e não-humanos, convidando a uma “outra política” na qual intencionalidades diversas produzem efeitos concretos na construção de alianças. O presente Ateliê de Pesquisa acolhe trabalhos de natureza etnográfica que articulem os modos de fazer política entre coletivos indígenas na América Latina e suas formas de composição com Estado em diversas frentes, como educação, saúde, territorialidades, memória, história e direitos.

Coordenação:

Arthur Paiva Octaviano (DO-PPGAS/UFSC);

Milena Weber (DO-PPGAS/UFSC).

Debatedora:

Mariana Spagnuolo Furtado (PPGAS/UFSC).